sábado, fevereiro 23, 2008

Questões domésticas

"Sobre isso pedia à jornalista para falar mais tarde, estamos na conferencia de imprensa de uma cimeira entre Portugal e França, falaremos das questões domésticas mais tarde". Não vi mais tarde qualquer declaração de José Sócrates sobre o relatório da SEDES mas a resposta-tipo do Primeiro-Ministro leva-me sempre às cimeiras ibéricas, às conferencias de imprensa Zapatero-Sócrates com os jornalistas espanhóis a confrontarem o seu PM com questões domésticas. E este a responder. Longamente...

O que faz uma entrevista na SIC ao PM...

E, de repente, a RTP passou a ter jornalistas incómodos, chatos e pertinentes. Fantástico.
Não terão este senhor e este andado distraídos ? Ou viram só o que queriam ver ? Lembro, por exemplo, um directo recente do Alqueva em que num daqueles momentos Chavez - seguindo a terminologia de Pacheco Pereira - Sócrates foi questionado pela jornalista da RTP sobre a saída do secretário de estado dos assuntos fiscais, que uma semana antes tinha sido negada pelo Primeiro-Ministro. Não se lembram, pois não ? Claro, Sócrates ainda não tinha ido à SIC. Eu recordo: era sexta-feira e o Semanário Económico trazia declarações em on de João Amaral Tomaz. No meio do Alqueva, no directo da uma, Sócrates não estava à espera da pergunta chata (nunca está, de resto) não escondeu a irritação e teve de responder. À RTP. Infelizmente, não sei o nome da jornalista. A desta tarde, era a Daniela Santiago.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Trapalhada II

O PSD quis ouvir Filipe Pinhal no Parlamento. E ouviu-o ontem. Ouviu-o invocar segredo para não responder à maioria das questões sobre o BCP mas escutou-o claramente dizer que não recebeu pressões de Vitor Constâncio. Estava Filipe Pinhal ainda na comissão parlamentar e Patinha Antão já arrumava os papeis e pedia licença: tinha marcado uma conferencia de imprensa e precisava de ir. E, perante o espanto da comissão, foi. E, perante o espanto dos jornalistas, afirmou que a audição ao presidente do BCP só tinha vincado as duvidas do PSD sobre a actuação do Governador do Banco de Portugal e por isso era necessário uma comissão de inquérito, mesmo com toda a prudência. Venha ela, sigilosa, à porta fechada. Como dizia hoje alguem no parlamento: só não haverá sons...

Trapalhada I

O Público e o Diário de Notícias noticiavam hoje na primeira página a ruptura, por parte do PSD, do acordo eleitoral autárquico. Os jornalistas não endoideceram. O PSD deu-lhes aquela informação. O Público tinha mesmo uma citação de Luis Montenegro, vice-presidente do grupo parlamentar que, ao final da manhã - pasme-se !- , estava ao lado de Pedro Santana Lopes quando este declarou, na Assembleia da República, que estava à espera que o PS alterasse duas questões na lei eleitoral para ir ao encontro da nova vontade social-democrata. Sobre ruptura, nessa altura, nada. Surreal. Sobre uma noticia, toda a manhã amplificada pelas rádios, nada. E isto depois de Santana ter estado no gabinete de Alberto Martins durante um quarto de hora e saído com um "no comments" para os pobres pés de microfone que corriam atrás dele, perante tamanho caso e encenação.
Não se sabe o que aconteceu durante a noite. Sabe-se, isso sim, que os jornalistas foram completamente utilizados.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Sim, nós conseguimos

Sócrates importou hoje Obama mas em português o slogan perde força. Como será o YES, WE CAN socialista para 2009 ? E os voluntários para a musica ?


Marca de modernidade

A preparar a sala para o governo assinalar os três anos de vitória PS:

"Preciso de uma cara bonita para se pôr ali", dizia a mestre de cerimónia (de que agência de comunicação ?) para uma jovem do programa INOVJOVEM, antes de José Sócrates chegar ao Pavilhão de Portugal.

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Sobre a entrevista SIC-Expresso

Fosse a entrevista de ontem na RTP, não faltariam as vozes...

domingo, fevereiro 17, 2008

Quando os professores não dão o exemplo

Assobiar professores que também estão descontentes com o governo e que, por serem do mesmo partido, vão para uma reunião dar conta dos motivos de insatisfação, não é o melhor exemplo de democracia.
O direito à indignação voltou-se contra os manifestantes. Deram trunfos ao primeiro-ministro e enfraqueceram os colegas (de escola, pelo menos). Sócrates agradeceu e até fez uma coisa que há muito não fazia: entrar pela porta principal da sede socialista e falar com os jornalistas.

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

A semana muito resumida

Segunda-feira

Jornada de reflexão dos TSD em Lisboa. Luis Felipe Menezes estava anunciado para o encerramento. A meio da tarde passou a ser o secretário-geral, Ribau Esteves. No local, quem acabou por aparecer foi Rui Gomes da Silva.


Terça-feira

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Quarta-feira

Guilherme de Oliveira Martins é ouvido numa comissão parlamentar. Das 10 da manhã às 5 da tarde, com interrupção para almoço. Ainda dizem que não se trabalha na Assembleia da Republica ?

Quinta-feira

A reunião semanal do grupo parlamentar do PSD, que começa por volta das 10, é cancelada às 9.30 da manhã.
Ao fim da tarde, a campainha não pára de tocar : não há quórum na discussão das alterações ao código da estrada.

Sexta-feira

O PS disse ontem que as novas regras para a cassação da carta de condução não tinham efeitos retroactivos. Esta manhã, na votação da autorização legislativa, o PS apresentou uma alteração à proposta do governo para evitar a retroactividade...

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

RR

A Rádio Renascença já tem chefe de redacção: Eunice Lourenço, do semanário Sol.

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Afinal não foram várias dezenas

O socialista António Galamba recebeu hoje a resposta do Tribunal Constitucional sobre os políticos que não quiseram divulgar a sua declaração de rendimentos:"Nos mais de doze anos de vigência da norma em questão, registaram-se apenas treze pedidos com o alcance assinalado. Desses o Tribunal deferiu quatro, logo em 1996, por entender que os seus autores não estavam adstrictos à obrigação de entrega da declaração de património e rendimentos (...)." O TC acrescenta que até hoje foram mais de treze mil os que entregaram a referida declaração.

Ao contrário do que acontece normalmente, Galamba, em declarações aos jornalistas, não criticou o mensageiro mas o próprio Tribunal Constitucional por alegadamente ter dado informações erradas - "várias dezenas de titulares de cargos políticos" - abrindo nova polémica.

Na próxima semana, o vice-presidente da bancada parlamentar do PS vai propor na reunião da direcção que se altere a lei para acabar com a possibilidade de impedir a divulgação das declarações de rendimentos. Avançará o PS ?

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Quando Carlos Lage tentou acabar com os cigarros no hemiciclo*

Face à polémica do fumo, vale a pena recuperar as pérolas de um debate parlamentar de 1984, travado a partir de uma proposta de alteração do regimento.
O socialista Carlos Lage (com Leonel Fadigas), que já tinha apresentado um projecto semelhante cinco anos antes, era o primeiro subscritor de uma alínea que visava proibir o fumo no interior da sala de reuniões e nas galerias:
-Recentemente, lavaram-se as paredes da Sala, alcatifou-se o chão, enfim, limpou-se o hemiciclo. Mal pareceria que agora, com nuvens espessas de fumo e com alguns dos Srs. Deputados a parecerem chaminés, se permitisse sujar as paredes da Câmara e estragar algumas das belas pinturas que aqui se encontram. Mas nós não estamos só preocupados com a estética da Sala,mas com a saude das nossas vias respiratórias.
(...)
A eliminação do fumo vai melhorar a qualidade da intervenção no Parlamento (...) numa atmosfera tão poluída, tão fumarenta, tão opaca, as próprias ideias tambem se tornam nebulosas.

Vilhena de Carvalho (ASDI), feroz opositor da proibição, sugeria alternativa:

-Isso resolve-se muito facilmente: depois de se ter alcatifado o chão da sala e depois de se pôr cortinas novas, podia providenciar-se no sentido de esta sala ter exaustores.

Carlos Lage:

-Há os exaustos de fumar sem fumar e o Sr. Deputado recomenda exaustores! (...) Há sessões que são verdadeiramente intoleráveis. (...) A certa altura temos aqui um cogumelo de fumo, assim uma espécie de smog, como se sabe num nevoeiro verdadeiramente insuportável.

António Taborda (MDP/CDE):

-(...) a mais moderna teoria médica entende que há um equilíbrio psíquico entre o fumador e o cigarro, e que se esse equilíbrio for destruído pode trazer graves perturbações psíquicas.

Jorge Lemos (PCP) para Carlos Lage:

-Será que V. Exa, no futuro, vai propor o teste da alcoolemia à entrada do Plenário para evitar que haja intervenções parlamentares sob a influência do alcool ?

Marcelo Curto (PS):

-(...)mais do que contra o fumo, sou contra a intolerância e as tentativas veladas de puritanismo e de ditadura sobre o seu semelhante. Outro exemplo deste puritanismo e de tentativa ditatorial é o perigo que representam para a saude os carros a diesel e os fumos dos escapes dos automóveis (...) mas quando se trata de tomar medidas, fazem-se umas leis que limitam a emissão de fumos e produtos tóxicos, faz-se a limpeza dos monumentos, mas não se fazem motores que não produzam poluição, nem se proibem os que produzem.

César de Oliveira (UEDS):

-Sr. Deputado, eu dou de barato que o cigarro prejudica a saude (...)no entanto, se se vai proibir o cigarro e o fumo nesta Sala, eu acho que se deviam proibir outras coisas que a mim me incomodam sobremaneira (...)o Sr. Deputado não admite, por exemplo - e algum médico poderá testemunhá-lo - que há Sras. e Srs. Deputados que utilizam perfumes que, por exemplo, a mim me causam fortíssimas dores de cabeça...(risos)...que me incomodam e que certamente fazem mal à minha saude ?

Lopes Cardoso (UEDS) lembrava que a Assembleia aprovara, pouco tempo antes,

-por unanimidade, com o aplauso dos Srs. Deputados, uma lei de prevenção do tabagismo. Esta lei não se limitava a ter um carácter pedagógico, mas proibia o fumo em recintos fechados.

Santa Rita Pires (PSD) contrapunha:

-Faço-lhe só uma pergunta neste termos, que, ao fim e ao cabo, são levados quase ao ridículo: a maior parte dos portugueses tem carro, mas há uma percentagem muito grande que não tem. Os carros que andam na rua poluem o ar que é respirado, quer pelas pessoas que têm carro, quer pelas que não têm. Será justo que os que não têm carro peçam aos que têm que deixem de andar de carro ?

Igrejas Caeiro (PS):

-Não sou capaz de entender a preocupação daqueles que, num momento importante da sua actuação nesta Assembleia, perdem qualidades se não acenderem um cigarro. Mas, enfim ! E eu ?! Se num momento importante da minha actuação nesta Assembleia me acenderem um charuto e um cigarro e eu tiver um catarro ou a minha asma, não posso actuar como deputado, pois as minhas qualidades tambem vão ficar dimunuídas.

Oliveira e Costa (PSD):

-Fiquei com algumas dúvidas se, para além da questão do fumo, não haverá alguns Srs. Deputados que pretendem dar aqui algumas lições de moral e de comportamento a outros deputados. Será que vai haver alguma alteração ao Regimento para não se poder ler livros pornográficos na Assembleia ou o jornal A Bola ?

Lopes Cardoso em resposta a Silva Marques (PSD):

-O sr. Deputado referiu que a questão não tem dignidade regimental. Mas será que tem mais dignidade o artigo 102 que diz que "No uso da palavra, os oradores dirigir-se-ão ao Presidente e à Assembleia e deverão manter-se de pé"? Será que se receia que os Srs. Deputados se dirijam de cócoras, de costas ou não sei como ?

Depois de horas de discussão, Carlos Lage anunciava:

-Retiro a proposta de alteração ao Regimento que fiz sobre esta questão. Coloquei na Mesa um projecto de resolução que tem o mesmo conteúdo. Agora, convido os Srs. Deputados que aqui esgrimiram todo o dia contra esta proposta, a encontrarem a solução. (...)Não quero violentar ninguém, prefiro que me continuem a violentar...

Só em 1987 passou a ser proibido fumar no hemiciclo e nas galerias.

*Infelizmente não há registo audio deste debate. Só as actas do Diário da Assembleia da República.

Há sempre uma anedota por aí

As jornadas parlamentares do PS estão marcadas para o final do mês na Guarda. A piada já corre entre os deputados socialistas:
-Sabes por que é que vamos três dias para a Guarda ? Vamos ver as casas do Sócrates...

domingo, fevereiro 03, 2008

Já há cabelos brancos entre os jovens anti-imperialistas

O PCP reuniu ontem em Lisboa as juventudes anti-imperialistas de todo o mundo. A sessão com Jerónimo de Sousa, no centro Vitória, foi aberta aos media e marcada pelas flashadas dos convidados. Oriundos da India, Sri Lanka, etc, etc, a maioria fez uso da sua máquina digital enquanto o secretário-geral discursava, num ambiente de sussuro missal com os camaradas portugueses, ao lado dos estrangeiros, a traduzirem-lhes o que dizia Jerónimo, em tempo real. Um momento intenso digno de registo.